...ao invés de tomar a palavra, gostaria de ser envolvido por ela e levado bem além de todo começo possível. Gostaria de perceber que no momento de falar uma voz sem nome me precedia há muito tempo: bastaria, então que eu...me alojasse em seus interstícios, como se ela me houvesse dado um sinal, mantendo-se, por um instante, suspensa. Não haveria, portanto, começo; e em vez de ser aquele de quem parte um discusrso, eu seria, antes, ao acaso de seu desenrolar, uma estreita lacuna, o ponto de seu desaparecimento possível...
(Foucault)
Mas a ordem do discurso incide, exige, persiste cansativamente...
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3 comentários:
Para Kás, pq a mediocridade tem me irritado cada dia mais e mais!
versões sobre o mesmo tema:
talvez a fala, a comunicação, estejam apodrecidas...é preciso um desvio da fala. Criar foi sempre coisa distinta de comunicar. Criar é resistir. O importante talvez seja criar vacúolos de não-comunicação, interruptores...
(Deleuze, no seu 'um pouco de silêncio, se nã eu sufoco!')
- Quando uso uma palavra - disse Humpty-Dumpty em tom escarninho – ela significa exatamente
aquilo que eu quero que ela signifique... nem mais nem menos.
- A questão – ponderou Alice – é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas
diferentes...
- A questão – replicou Humpty-Dumpty – é saber quem é que manda. É só isso.
(Alice, angustiada no seu Pais da maravilhas)
...é como se afirmasse: mesmo aqui, onde só reina o vazio, onde o absurdo se impõe, onde todos os nossos sonhos e as nossas arrogâncias esmorecem, mesmo aqui ainda há linguagem. Se mais nada ou ninguém ousa penetrar nesse labirinto sombrio, a linguagem se atreve a fazê-lo. E pode. A arte pode.
(o maravilhoso Nuno Ramos discursando sobre a morte e a literatura)...
Agora fecho com Deleuze...
Criar não é comunicar, criar é resistir! Assim se resistimos e produzimos formas de vida não-automáticas, não medíocres e menos hipócritas, experenciamos a arte cotidiana da diferença, do díspar...
insônia voraz!
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