DOMINGO

!!!
Perdi novamente. era meu choramingo quando tentava guardar os atravessamentos produzidos pelo show do tom zé. e o quanto é bom assistir ao show do tom zé quando realmente se está com ele. sendo embalado pela sonoridade das palavras. que iam e vinham e iam, e eu só conseguia pensar, perdi! que nada, fui levada várias vezes a achar que o senhorzinho espoleta do palco era o máximo de criatividade e de porretadas e o máximo do blasé na sua tentativa de escapolir pelos cantos da comercialização da sua diferença. se a idéia era causar estranhamento...

palavras cheias de força e ao mesmo tempo esvaziadas pela repetição, apresentadas pra um platéia que queria mais era aplaudir seu “vai tomar no cu” enquanto ele pedia por vaias. lembrou um pouco dos versos démodé dos pixtols que às vezes tocam em minha casa (eles há pouco tempo tiveram um reality show, não?).

deleuze me disse algumas coisas estes dias: "somos como espécie de vetores, tensores...linhas multilineares que tanto podem ser de sedimentação quanto de fissura e fratura". uma boa (rs) forma de exemplificar o dispositivo.
Tom zé foi meu dispositivo neste fim de semana. lembrou uma guernica guerreando contra o dragão da maldade. como escapulir das sedimentações? como ser fissura? Alguém ainda se preocupa com isso?

Pra quem não viu, vale a pena o doc. do silvio tendler sobre o milton santos e o doc. sobre o pierre “fatumbi” verger. tanta força que passei um bom tempo com muita vergonha de algumas coisas, principalmente de algumas miudezas desejadas e vividas e da belicosidade que acreditamos necessária para a sobrevivência.

“...a passagem ao ato. O tempo do irreversível. A decisão metálica de enfrentar a couraça do poder. A superposição do sistema ao clarão das deflagrações e a revelação do monstruoso grão de suas carências. O refúgio numa sombra espasmódica, a convicção de finalmente ter um pedaço de realidade ao alcance da mão, ao alcance do tiro!(...) A prática da felicidade torna-se subversiva quando ela é coletiva”.
E viva ton zé! velhinho maluco!

GUATTARI
(“somos todos grupelhos” – Revolução Molecular: Pulsação Política do Desejo)