do livro das ignorãças

Toda vez que encontro uma parede

ela me entrega às suas lesmas.

Não sei se isso é uma repetição de mim ou das

lesmas.


Não sei se isso é uma repetição das paredes ou

de mim.

Estarei incluído nas lesmas ou nas paredes?

Parece que lesma só é uma divulgação de mim.

Penso que dentro de minha casca

não tem um bicho:

Tem um silêncio feroz.

Estico a timidez da minha lesma até gozar na pedra

7 comentários:

Monica L F disse...

desaprender oito horas por dia ensina os princípios... dica que so poderia ter vindo de alguém que vive da tranquilidade, brejeiramente.

manoel de barros é isso, exercicio de ser lesma, de pegar a voz de um peixe, de ser pensado por uma violeta, de se coisar passarinho, de linguagem pedral e chuva ao mesmo tempo...

...escrever nem uma coisa - nem outra
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.

então. enquanto desaprendo, me desfaço em rio, pra me recomponhor em vontade e desejo.

bjs

lucelia zamborlini disse...

que lindo m.
assumo minha inveja descarada... inveja de ver mar, sentir uma brisa, ouvir voz de passarinho e onda sussurrando nos ouvidos...
aproveite aracaju.
beijos

Monica L F disse...

ABISMAR-SE.
quer expressão mais linda que essa?
significa trazer o incomensurável, o incompreensível, o próprio abismo pra dentro de si.

acho que estou num revelante processo consentido e "abismamento".

bjs...

Anônimo disse...

então....
nem sei porque tava lendo esse texto, e lembrei daqui, de vcs, planando em diferentes cidades, e ventando por aqui...
acho q é do paulo barreto...

“Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não seria revelado por mim se não julgasse, e razões tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos n'os”. A rua era para eles apenas um alinhado de fachadas, por onde se anda nas povoações… Ora, a rua é muito mais do que isso a rua é um fator de vida das cidades, a rua tem alma! (…) A rua faz as celebridades e as revoltas, a rua criou um tipo universal, tipo que vive em cada aspecto urbano, em cada detalhe, em cada praça (…) Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhes as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes – a arte de flanar”.

Monica L F disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

monica querida

incio um manifesto : todos flanando por um mundo mais vento.

o melhor lugar do mundo para a prática do esporte só poderia ser ventória, né?

é verdade que q vc vem ventar por aqui em novembro?


let me know, ok?

bjs e saudade de conversar com vc.

Monica L F disse...

Tati
te vejo no fim de ano...na nossa festa!!

bjs...