Uso apalavra para compor meus silencios.
Não gosto das palavras fatigadas de informar.
Dou mais respeito
as que vivem de barriga no chão
tipo agua pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das aguas.
Dou respeito as coisas desimportantes
ao seres desimportantes.
Preso insetos mais que aviões.
Preso a velocidade
das tartarugas mais que as dos misseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundancia de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior que o mundo.
Sou um apanhador de desperdicios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informatica:
eu sou da invencionatica.
Só uso a palavra para compor meus silencios.
MANUEL DE BARROS
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2 comentários:
UMA PAUSA...
Seis ou Treze Coisas que Aprendi Sozinho
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Que a palavra parede não seja símbolo
de obstáculos à liberdade
nem de desejos reprimidos
nem de proibições na infância,
etc. (essas coisas que acham os
reveladores de arcanos mentais)
Não.
Parede que me seduz é de tijolo, adobe preposto ao abdomen de uma casa.
Eu tenho um gosto rasteiro de
ir por reentrâncias
baixar em rachaduras de paredes
por frinchas, por gretas - com lascívia de hera.
Sobre o tijolo ser um lábio cego.
Tal um verme que iluminasse.
O GUARDADOR DE ÁGUA (MANOEL)
JOY DIVISION na vitrola!
invencionatica! Manuel ao quadrado!
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