o maior dos pesos

E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: "Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes, e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequencia e ordem - e assim também essa aranha e esse luar entre as árvores, e também esse instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente - e você com ela, partícula de poeira!" - Você não se prostaria e rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim lhe falou? Ou você já experimentou um instante imenso no qual lhe responderia: "Você é um deus e jamais ouvi coisa tão divina!". Se esse pensamento tomasse conta de você, tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria talvez; a questão em tudo e em cada coisa "Você quer isso mais uma vez e por incontáveis vezes? ", pesaria sobre o seus atos como o maior dos pesos! Ou o quanto você teria de estar bem  consigo mesmo e com a vida para não desejar nada além dessa última, eterna confirmação e chancela?

Nietzsche, F. A gaia ciência. p. 230. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

5 comentários:

Monica L F disse...

não Lú, não estou em Sampa. Estou mesmo derretendo e quase tendo uma síncope com o calor aqui mesmo em SSA.

bjs

Monica L F disse...

Temos a arte para não morrer da verdade.

Dona da Vida disse...

oh sim, sim, sim, oh não, não, não.
Hj tem, amanhã não.
Oh sim, sim, sim, oh não, não, não...

Dona da Vida disse...

a arte, a dança, a música, a luta, a ginga...história! Pra não morrer de verdades...

Monica L F disse...
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