A rua ruidosa em torno de mim.
Alta, pesarosa, dor majestosa
Uma mulher passa, com mão faustosa
Erguendo, balançando a saia assim;
Ágil e nobre, de estátua o porte.
Eu bebia, louco tal extravagante,
No olhar, céu lívido e ondulante,
Doçura a fascinar, prazer de morte.
Clarão... e a noite! – Fugitiva beldade
Com olhar que me fez assim renascer,
Só te verei um dia e já na eternidade?
Longe daqui! Tarde! Nunca mais rever
Pois não sei onde vais, onde vou não sabes,
Ó tu que eu amaria, tu bem o sabes!
(Baudelaire, Flores do Mal)
Baudelaire, descobrindo, pressentindo, forjando, escrevendo a modernidade (e a fugacidade dos encontros). Uma passante, qualquer, encantadora, efêmera, a quem ele poderia amar, mas que sabe não encontrará nunca mais, perdida entre tantos outros na multidão, na imensidão da cidade que nasce...Estudei este poema no Fundão e desde então tenho procurado por ele. Agora, para escrever um texto, eis...maravilhoso!
Tentando freiar a velocidade, mas comida pelo tempo...a une pasant.
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7 comentários:
Adorei o poema e a une passant deve ser linda...
Sobre o tempo, ando meio desajeitada com ele, por isso lembro o Caê, na belíssima oração:
"Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo..."
bjs e bom domingo!
alguém pediu ajuda???
estou aqui, indo pra vix amanhã...
bjs
M.,
Meus planos pra páscoa é escrever, escrever, escrever, no intervalo curtir a festa do boi, no morro do querosene, escrever, escrever, escrever...
bjs
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